sexta-feira, abril 24, 2009

Novos cursos ainda sem aprovação na UnB

Para o segundo vestibular de 2009, alunos terão mais nove opções de cursos para escolherem. São 552 novas vagas, que fazem parte do programa de reestruturação e expansão das universidades federais (Reuni), em parceria com o MEC

A abertura das vagas para novos cursos no Campus Darcy Ribeiro foi aprovada no último Conselho Universitário (Consuni), no dia 17 de abril. No entanto, apenas o curso diurno de Geofísica e o noturno de Museologia foram analisados e autorizados pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UnB (Cepe), responsável pela aprovação dos novos cursos. Os outros sete cursos ainda têm de ser aprovados antes do início das aulas.

Para o aluno de Ciência Política Raul Cardoso, conselheiro do Cepe, a aprovação dos novos vestibulares foi corrida. Segundo ele, “dessa forma a universidade está perpetuando uma lógica, contra a qual o movimento estudantil luta cotidianamente. Estamos criando cursos sem saber o que eles serão, qual sua fundamentação, a infra-estrutura e o corpo docente e técnico necessários. A lógica continua invertida, cursos novos são criados sem um debate sobre que UnB a gente quer. Isso foge ao princípio da gestão compartilhada e transparente.”

Ainda assim, para Raul, quando os cursos que ainda não foram aprovados chegarem ao Cepe, eles provavelmente serão liberados sem muita resistência. Esses cursos são os noturnos de Letras-Tradução Espanhol, História – Licenciatura, Música – Licenciatura, Gestão de Políticas Públicas, Engenharia de Produção e Ciências Ambientais, e o diurno de Engenharia da Computação. “É importante democratizar o acesso à universidade” defende a decana de Ensino e Graduação, Márcia Abrahão, “e uma das medidas para isso é o fato de sete dos cursos criados serem noturnos”.

O Cepe aprovou no ano passado a contratação de 300 novos professores, já autorizados pelo Ministério da Educação (MEC) dentro do Reuni. Eles foram distribuídos de acordo com a oferta de disciplinas de cada departamento. Segundo a decana Márcia Abrahão, essas contratações já foram aprovadas “antecipando o aumento de vagas no vestibular entre 2009 e 2010, e agora cabe apenas aos departamentos realizarem seus concursos”.

O estudante de Serviço Social Fábio Félix, conselheiro do Consuni, declarou que há uma demora maior na contratação dos professores do Reuni. Segundo ele, foram realizados quatro concursos no Departamento de seu curso, das quais três são para ocupar vagas de professores que deixaram o departamento, e um para atender às demandas da Reforma Universitária. Fábio explica que “o único que ainda não foi homologado é o do Reuni, e com essa demora é possível que a UnB tenha que realocar professores já contratados para suprir a demanda dos novos cursos, o que aumentaria ainda mais a relação do número alunos para cada professor”. Essa relação atualmente está estimada em 16 para 1, e até o fim da implementação do Reuni deve subir para 18.

Consórcio entre Unidades Acadêmicas

Alguns dos novos cursos vão funcionar com o sistema de consórcio entre diferentes unidades acadêmicas da universidade. Esse sistema acontece quando mais de uma unidade, com afinidades na área de atuação, se juntam para administrar um curso multidisciplinar. É o caso do curso de Gestão de Políticas Públicas, por exemplo, que será ofertado em conjunto pelo Instituto de Ciência Política, o Departamento de Economia e o Departamento de Administração.

A distribuição dos novos professores contratados para os cursos ofertados em consórcio leva em consideração a porcentagem de disciplinas ofertadas por cada departamento. No caso do novo curso noturno de Museologia, por exemplo, a maior parte dos créditos é oferecida pelo Centro de Informação e Documentação, que receberá mais professores. As demais contratações serão distribuídas proporcionalmente entre o Departamento de Economia, Administração e Contabilidade.

Infra-estrutura para receber os novos cursos

O Governo Federal já liberou R$18 milhões para a UnB investir em obras de infra-estrutura, apenas no Campus Darcy Ribeiro. Foram comprados 30 veículos para auxiliar os alunos em trabalhos de campo e outras viagens. Alguns anfiteatros já estão fechados para reformas, assim como algumas salas espalhadas pelo campus. A conclusão dessas obras está prevista para o meio do ano. Também será implementado o projeto de construção de um Bloco de Ensino, parecido com os Pavilhões já presentes no campus, onde terão salas de aula, laboratórios e salas de estudo.

Para o estudante Raul Cardoso, “o maior problema não está na precariedade da estrutura das salas de aula, e sim no que diz respeito à assistência estudantil. Esse semestre, por exemplo, não foram oferecidas vagas para novos moradores da Casa do Estudante, o que é um absurdo”. O Restaurante Universitário (RU) e a Casa do Estudante (CEU) ainda não tiveram sua expansão iniciada. O RU está em reforma desde as férias de verão, e a Câmara de Assuntos Comunitários ainda está discutindo os reparos da CEU a serem realizados nesse semestre. A construção de um novo RU e uma nova moradia para os estudantes devem começar ainda neste ano.

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