segunda-feira, novembro 26, 2007

De noite na cama.

Marisa Monte

"De noite na cama, eu fico pensando
Se você me ama ... E quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite na cama ... E quando
De dia eu faço graça
Pra não dar bandeira
Não deixo você ver
De dia o tempo passa como brincadeira
Por longe de você
Por onde você mora
Para e se demora
Por hora não vou ter
Coragem de dizer
Mas há de ver a hora...
Se você for embora
Agora
De noite na cama, eu fico pensando
Se você me ama e quando
Se você me ama, eu fico pensando
De noite na cama e quando."

Rímel de atriz pornô.

Pior que a mediocridade alheia, só a própria.

Na falta de talento,
fica o vazio das palavras soltas, bobas e bobagens.
Fica um pouco de mim, que perde as estribeiras,
na falta de eiras ou beiras.

E o ciclano que disse "fazer versinho é fácil, poesia só pra poucos".
Por isso fico com a prosa,
guardada a sete chaves,
que é pra mó de ninguém ver,
que nada se tem para ler.

E é assim que rimo,
com rímel de atriz pornô de filme francês anos 50.
Que escorre pelas macãs do rosto,
com lágrimas e calor da cena despudorada,
ao perceber que lá vai, vai lá, com meias palavras mal contadas.
Mal vividas, mal amada.

sexta-feira, novembro 09, 2007

You Turn Me On, I’m a Radio

Joni Mitchell

"If you’re driving into town
With a dark cloud above you
Dial in the number
Who’s bound to love you
Oh honey you turn me on
I’m a radio
I’m a country station
I’m a little bit corny
I’m a wildwood flower
Waving for you
Broadcasting tower
Waving for you
And I’m sending you out
This signal here
I hope you can pick it up
Loud and clear
I know you don’t like weak women
You get bored so quick
And you don’t like strong women
’cause they’re hip to your tricks
It’s been dirty for dirty
Down the line
But you know
I come when you whistle
When you’re loving and kind
But if you’ve got too many doubts
If there’s no good reception for me
Then tune me out, ’cause honey
Who needs the static
It hurts the head
And you wind up cracking
And the day goes dismal
From "breakfast barney"
To the sign-off prayer
What a sorry face you get to wear
I’m going to tell you again now
If you’re still listening there
If you’re driving into town
With a dark cloud above you
Dial in the number
Who’s bound to love you
If you’re lying on the beach
With the transistor going
Kick off the sandflies honey
The love’s still flowing
If your head says forget it
But your heart’s still smoking
Call me at the station
The lines are open
You Turn Me On, I’m A Radio"

quarta-feira, novembro 07, 2007

Sentimento.

Confesso.
Eu sinto.
Sinto muito, desculpe-me. "Sou um animal sentimental, me apego facilmente ao que desperta o meu desejo."
Sinto cólicas. Terrível sentimento.
Sinto outras dores também.
Sinto dor de coração, como já dizia Janis Joplin. Mas é apenas um "heartache, nothing but a heartache."
Sinto vontade de parar de sentir.
Sinto vontades, muitas vontades; vontades de sumir.
Sinto isso talvez por medo. Medo de sentir. Ou raiva. Raiva de ter sentido algo que não faz sentido.
Sinto tanto, por vezes, que nem sinto.
Sinto ora isso, ora aquilo.
Sinto, inclusive, isso E aquilo.
Sinto que devo ir, mas não porque aqui não esteja bom. Nem porque esteja insatisfeita.
Sinto isso pois sinto sono.
Sinto muito, desculpe-me.

Sendo assim, Senhor, dai-me Ave-Marias, dai-me Pai-Nossos, dai-me Prozac. Dai-me nada, tirai-me tudo. Pois sem tudo, nada se sente.

segunda-feira, novembro 05, 2007

takeoffs and landings.

"If you could go anywhere right now
Where would you go?
And would you miss me when you get there?
There's no place that I would rather be
Please don't let me go falling from the sky
The "fasten seatbelt" sign just needs to go out
If only you could be right here by my side
Home wouldn't seem so far from here"

sexta-feira, novembro 02, 2007

O Vento no Fundo do Mar

- Versos de uma alma derretida, perdida por Brasília.

Entra-se caçando o ar em movimento
vulgo vento
O calor, não se sabe se vem de fora,
dentro,
do tijolo ou do cimento,
do ardor do sentimento.
É calor mas não é tropical
de Carmen Mirana, biquíni e fio-dental.
É calor de deserto:
que agaça, que te caça, e
tua pele abraça,
tua alma cansa,
e te faz entrar na dança
de uma molhada lambança
que traz à lembrança mate limão e
biscoito globo;
areia ardente e mar gelado,
as morenas e os mulatos,
que com seus corpos dourados,
mergulham fora do sol, do abafado;
e ao inspirar do meu ar,
roubam o vento
e o levam
pro fundo do mar.