quarta-feira, julho 11, 2007

Papicu?

- "Olha, o senhor pega a Santos Dumont, e daí, assim que puder virar pra lá.."
- "Prali?!" pergunta o motorista de taxi, apontando pra esquerda.
- "Sim, ali, na Chevrolet. Daí, desce, e já vira na próxima pra pegar a Andrade Furtado, porque a Otávio Lobo não desce" diz a menina que, alertada sobre o cárater dos taxistas, não pestaneja ao indicar o caminho desconhecido. Repete a fórmula mágica ensinada pela tia. E reza para que não haja contratempos e perguntas embaraçosas.
- "Ih, aqui tá fechado. Esses animais, fecham a rua por tudo quanto é besteira! No outro governo não era assim não. A senhora (!) prefere que pegue a Expressa ou pelo Papicú?" indaga o nada bendito.
- "Ehh.." suspira a menina com ar de mulher, mãe de oito filhos, com a segurança de uma avó. Tem a mão no queixo, uma expressão de quem reflete seriamente os altos e baixos de cada caminho, e um olhar aflito de quem pode pôr tudo a perder. Lembra vagamente que a Expressa é a via que pegou vindo do aeroporto, do oooutro lado. Mas, se ela é lá, imagina onde seria o Papicú?! Em menos de hum segundo passam por sua cabeça os pensamentos mais absurdos, inclusive uma saudade da terra das quadras, lotes, conjuntos, blocos, tesourinhas e pontes. Ruas, pra que as quer.
- "Ah, o que o senhor acha melhor a essa hora? Esse congestionamento.."
- "Olha, não sei! Vou perguntar aqui presse entregador de pizzas!"

Se até ele pergunta, por que não arriscar:
- "Moço, o que é esse tal de Papicú?" ela diz ao sair, com desastre de 12 anos.
- "Mas minha filha?!" ele ri meio debochado "é esse bairro da sua casa!"
- "Ahh, mas isso eu sabia.. é que achei que fosse indígena e tivesse um significado.."
- "Ah, isso eu não sei não senhora!" resmunga o velho meio encabulado.
- "Tá bom. Tenha um bom dia, viu?" sorri a menina, crente que engana até ela mesma com esse ar de gente segura.

- "Preciso de um mapa" se diz ela.

terça-feira, julho 10, 2007

quarta-feira, julho 04, 2007

"Agora já passa da hora,
tá lindo lá fora
Larga a minha mão,
solta as unhas do meu coração
Que ele está apressado
E desanda a bater desvairado
Quando entra o verão"

Ah, o verão.