domingo, novembro 30, 2008

Rome's Ultimate Party

Puta que o pariu. Como se começa um texto depois de uma noite em que se conheceu o amor de sua vida, e o deixou partir - sem sequer trocar e-mails? Bom, poderia simplesmente dizer que, well.. a coisa mais estúpida que se pode fazer é se apaixonar em um Pub Crawl.

Ele estava lá. Era simplesmente o amigo do americano ultra-amigável, who was going to do his master in History and Political Sciences at the University of Moscow, e queria ficar com a Patty. No início achei que ele era gay. Nem tão bonito assim, sabe? Alto, magro - tipo skinny -, loiro, de cabelo comprido, com chapéu estiloso, na boite mais high society de Roma.

Mas ele tinha um sorriso, um olhar. I knew we had bonded. Tá, que ele tinha se interessado por mim. Por que, diabos, isso é tão estranho? Talvez porque os únicos caras que conseguem penetrar minha fortaleza de gelo (ha-ha) e indiferença aparente sejam que nem o ferocious Italian, ainda que eu prefira aqueles com quem a gente começa em um jantar.

"I do like to be taken to dinner first." Ao que ele responde "So do I..." e a gente simplesmente sabe. Sabe? E depois de tentar sound smart with polysyllables and a stylish and fake indifference eu simplesmente levei as mãos ao rosto e me perguntei "Why am I gonna miss this chance?".

Porque éramos naturais, ainda que adorássemos jogos de palavras. A jornalista e o estudante de English Literature, de New York Contryside, que adora música - inclusive os Mutantes, cujo bottom há pouco caíra de minha mochila -, tomar café-da-manhã at 24 hours dining rooms, e falar - sempre que querem escutar.

Ele falou que nunca made the first move, e eu que tampouco o faria. E nos olhávamos nos olhos. "He's got such innocent eyes" I kept on thinking. Eu mordia os lábios, em uma mistura de desejo com incredulidade. Não conseguia acreditar que o cara que actually dated a hippie - and thinks girls don't need heels to look better - was there, sitting next to me.

And when I told him I was being natural he asked "haha, with this make-up, the tights and the heels?" and there I went, telling him how even alternative guys go for patricinhas. E ele riu. Falamos sobre The Valley girls. Sobre Loser, Loser, Double Loser, As If, Whatever, Take a Picture, Duh. E rimos. Trocamos olhares pras bocas, olhares pros lábios. Olhares no fundo do olho. Ai, como eu queria poder filmar aqueles olhares e guardar numa caixinha.

Qual não foi minha surpresa - para mim que sempre me interesso por esses arrogantes, distantes e superiores guys... - quando ele falou "I don't fit in, dancing there..." Respondi que ele não parecia not fit in, que tinha um ar meio superior. E ele revelou: I FAKE INDIFFERENCE. E eu "ah, meio indie assim, né..." e ele "OMG, You got me all figured out, now". Brincamos com sarcasmo. Falamos sobre filosofia, Sartre, Rousseau, Sophie's World, and so on. Essa foi a parte em que zoávamos os pseudo-cults, mas mostrávamos não ser ignorantes. Mágica masturbação intelectual.

E ele falou sobre sua futura namorada, actual open-relationship. E de como ele não really ficou com muita gente em sua vida, e de como a namorada era uma ex-lésbica - who was just coming out of a five-year relationship. E do medo que ele tinha de ela ficar com a ex, que é beeeem mais ferocious. Ele não é the ferocious kinda guy, mas falou "we all need to get a little ferocious sometime!" I couldn't agree more. I just wished he had been a little more ferocious and kissed me. Mas na verdade, eu queria mesmo que aquela noite, aquela atmosfera, não acabasse. I could keep on talking - and listening - forever by his side. "I do think you're cute..." was all I got. Ai!

Isso em parte porque tenho medo dos conformes, e das horas do vamo-vê. Olho casais na pista, beijando-se loucamente, transpirando loucuras, e não me animo. Preciso de mais meiguice and bonding. A lot more. Prefiro nada, a perder a magia construída. Covardia? É bem capaz.

O pior mesmo foi quando ele foi embora, to catch his plane at 5 am, e eu disse que tudo ficaria chato. Tudo, de fato, ficou chato. Eu só queria alguém de verdade to be there. Mas ao invés disso se senta um cara que só queria faturar uma loirinha na noite... Mais um vazio, em meio ao mundo de vazios que a gente tem. Cara, there's gotta be something else.

WANTED: American Guy, named Carl, or Chad, or anything similar, from one of the (too) many NY Countrysides, who likes Os Mutantes and was at the Rome Pub Crawl, on January 13th 2008.


Acontecimentos atuais nos dão coragem para escrever sobre os antigos.
É só uma roda-gigante de erros, que insistem em não desembarcar. Deixam a menina-mulher na fila do brinquedo que é ir às alturas, ainda que com a certeza de uma eventual descida. Um dia ela consegue um lugarzinho, com direito a algodão doce e tudo!

quinta-feira, novembro 27, 2008

Como eu penso - ainda imatura!

Desde o início, a idéia de “preguiça intelectual” me pareceu muito interessante. Ramón y Cajal utilizaram-na para explicar a necessidade de se estudar e estar disposto a trabalhar arduamente para sair do óbvio, do aparente esgotamento de idéias. A inspiração foi apresentada como um elemento extra, porém não suficiente para se obter bons resultados.

A meu ver, a “preguiça intelectual” vai além de uma preguiça em ler livros, escrever resenhas, apresentar seminários e estar sempre em dia com o plano de trabalho a se seguir para um determinado projeto. Ela está em não se dispor a pensar.
Julgo sempre mais cômodo – ainda que muito frustrante - aceitar seguir caminhos mais óbvios, já desbravados e livres de olhares tortos. Ir na direção contrária é sempre mais doloroso, e não apenas por razões externas, como preconceitos ou discordâncias. Ao contrário: o que mais pesa são os obstáculos interiores. É a preguiça de continuar pensando!

Na última reflexão eu trouxe um pouco da minha aflição de sempre estar pensando. Entretanto, ainda mais agonizante que o constante “estado pensante” é perceber que muitas são as vezes em que tenho de deixar de lado certas opiniões, complicações, dúvidas, indagações, empecilhos e pedras no caminho em prol de um consenso – que à noite, com a cabeça no travesseiro, percebo fajuto.

Explico: são cada vez mais constantes as abdicações de um debate aprofundado em busca de um suposto consenso, com a justificativa de que esse debate atravanca ações. Alguns defendem que quanto mais se sabe, menos se faz, pois alguns empecilhos colocados nunca seriam levantados por ignorantes stricto sensu.

Não defendo um debate por debate, mas muita ação não é sinônimo de bons resultados. Ações impensadas e espontâneas certamente podem dar certo. Muitas, contudo, são as que não dão – e isso poderia ser evitado com mais reflexão e debate acerca do assunto. O debate necessariamente deve conduzir a uma ação em um determinado momento. Essa ação, porém, deve ser precedida de uma discussão profunda. Uma vez trazida à tona a complexidade de cada questão, é provável que ela jamais se esgote, mas um mínimo de debate já seria suficiente para estimular reflexões até mesmo simultâneas à ação desenvolvida, que ainda que não fosse perfeita, seria no mínimo crítica.

Muitas vezes dou lugar à preguiça de debater e expor minhas idéias, construindo argumentos fortes e fundamentados... que serão, eventualmente, refutados. Curiosamente não é uma possível (e provável) refutação que me desestimula a seguir com o debate. São os olhares e discursos criticamente apáticos de quem repudia a constante discussão; não por ser favorecido pelo status quo, mas por deliberadamente não enxergar nenhum problema nele.

Deparada com essas resistentes barreiras, muitas vezes simplesmente desisto. Ainda mais difícil que dialogar com aqueles de idéias divergentes, é se relacionar com quem nem sequer idéias tem – e não está minimamente interessado em desenvolvê-las. Aí entra outra preguiça: a de mostrar à outra pessoa o quanto esse debate, essas idéias são necessários. Muitas vezes a pessoa não assimila isso, e eu ainda me sinto como se fosse uma catequizadora, encarregada de trazer a luz aos cegos de Platão! O conflito desloca-se então do debate sobre a ação para um debate sobre a necessidade de se debater, que atrasa ainda mais qualquer resultado almejado.

Essa idéia de detentora da verdade me incomoda, como coloquei na última reflexão. Contudo, não consigo pensar e agir de outra forma que não seja através de discussões e do debate de idéias. A partir dessas reflexões cheguei então a uma conclusão que vai me servir como ponto de partida. Minhas idéias certamente não são superiores às alheias, nem eu tenho as respostas do que é certo ou errado, melhor ou pior – se é que essas respostas existem - em mim mesma. Ainda assim, uma coisa é certa: fechar-se ao debate é uma postura equivocada. Então, por mais que eu tenha pré-concepções internas, estou aberta a confronta-las e, quem sabe, muda-las. Não estou certa, nem errada, apenas pensando. E aprendendo.

domingo, novembro 16, 2008

Como eu penso - Versão imatura

Desde os nove anos me entendo por “ser pensante”. Antes mesmo de “ser humano”, “ser místico” ou “ser social”. Foi Pedro Bahia o responsável por essa – não tão bendita – conscientização.
- “A gente não consegue parar de pensar nunca!” ele falou, como se tivesse feito a maior descoberta de sua nada longa existência.
- “Lógico que consegue!”
- “Lógico que não! Quer ver? Tenta parar de pensar”.

Contudo, a não ser que você tenha atingido o Nirvana ou outra forma de profundo controle mental, percebe a impossibilidade de imediato. Involuntariamente começa a pensar em como não pensar e se pega pensando “eu não posso pensar, eu não vou pensar, agora – por exemplo – eu não estou pensando! Quer dizer, se eu acabei de dizer isso, na verdade estou... e agora?”

Apesar de desesperador, tal constatação me fez pensar nos meus pensamentos. Até então, nem sequer pensava neles, simplesmente pensava. A partir daquele momento, porém, sempre que pensava tentava entender porque assim pensava. Mas a própria forma como se dava a reflexão sobre o porquê de pensar daquela maneira desencadeava outro pensamento sobre o pensar.

Entrava então em um estado de profunda agonia, até conseguir me esquecer de lembrar de pensar naquele ato de pensar. Enquanto não me esquecia, tentava analisar criticamente os pensamentos. Por que pensava daquele jeito? Por que pensava aquilo? Como não pensar aquilo daquele jeito?

Por vezes era autoconfrontada a pensamentos incômodos, os quais eu mesma julgava irem de encontro ao que acreditava ser certo pensar. Pensava então: o que faz algo ser certo de pensar? Intuitivamente sabia serem valores intrínsecos a mim – e que poderiam revelar-se fajutos eventualmente – os quais me guiavam naquela direção. Estava iniciada a crise de identidade: até que ponto minha forma de pensar era mais correta que alguma alheia, e por que eu cismava em me achar mais correta, ainda que não quisesse achá-lo.

Sempre soube – talvez não desde os nove anos, mas há um bom tempo – que valores pessoais, morais ou institucionais não são parâmetro para se julgar uma ou outra forma de pensamento. Mas caía (e ainda caio, me estatelo na verdade!) no dilema: ainda que respeite outras visões, como respeitar inclusive aquelas que rechaçam as minhas? Ou ainda às vezes, por que respeitá-las? É possível respeitar a liberdade e propriedade intelectual daqueles que lhe desrespeitam?

Poderia dizer que sim, mas penso que não. Apesar de algo me dizer que deveria pensar que sim. É muito difícil achar limites para máximas como “respeito é fundamental”, ainda mais sem cair no velho conto da carochinha “sua liberdade termina onde a minha começa”. É bonito, bonito – porém falso. Dentro de minha mente me pego pedindo para acreditar que devo respeitar e aceitar, mas sinto como se na realidade isso não passasse do medíocre pensamento: “coitadinhos, eles não conseguem ver o mundo de verdade”.

Não seria eu a coitadinha, julgando ver o mundo de verdade? Meu ego diz que não, minha consciência diz que sim. E eu penso que ainda pensarei na minha forma de pensar nisso por muito, muito, tempo.

Circular da linha 82 oferece biblioteca itinerante à população

Marcelo Abreu - Correio Braziliense

Publicação: 16/11/2008 08:54 Atualização: 16/11/2008 10:20
Certo dia, sentada na sua cadeira com vista para a janela, uma passageira intrigou-se com a cena a que assistira. Em vez de olhar para a paisagem, fixou o olhar naquele homem. Viu que ele folheava um livro. Conseguiu ver o autor. Era Jorge Amado. Entre um sossego e outro, enquanto não chegava passageiro, ele passava uma página. Ela percebeu que, além daquela viagem, havia outra, que andava longe daquele ônibus. A mulher se encasquetou. Antes de descer, foi até o moço e perguntou: "Você gosta de ler, cobrador?" Ele devolveu, envergonhado: "Gosto, sim, senhora!"

Ela desceu e desapareceu no meio da multidão. Uma semana depois, embarcou novamente naquele ônibus. E trouxe três livros para o cobrador. Eram obras de literatura brasileira. De tanta emoção, o moço engasgou. Levou para casa seu mais novo acervo. Devorou-os. Enquanto lia suas histórias, pensou: "Por que não compartilhar isso com outras pessoas?" E ele teve uma grande idéia: levaria os livros para o ônibus e assim incentivaria outras pessoas a ler também. Antes, muito antes, ele pensou em montar uma biblioteca em Sobradinho II, onde mora. Seria um espaço de leitura e pesquisa para quem quisesse chegar. Desistiu pela completa falta de apoio e nenhuma condição financeira.

Sem ter uma biblioteca fixa, resolveu que ela seria itinerante. Juntou as 10 obras que tinha em casa, colocou numa sacola e partiu para o ônibus onde trabalhava, um circular em Sobradinho II. Ali, a idéia se espalhou. Numa caixa de papelão perto da roleta, ele colocou os livros. E um cartaz: Projeto Cultura no Ônibus. Ninguém entendeu nada. "É pra pagar?", perguntavam alguns. Não era pra pagar. Era pra ler, pegar emprestado, com o compromisso de devolver, e pegar mais. Tantas vezes quisesse. Incansavelmente, ele explicou sua idéia para os passageiros da sua linha. E pedia doação. Quem tivesse algum livro em casa, e não mais quisesse, ele aceitaria.

A novidade se espalhou. Em poucos meses, havia centenas. De todos os tipos, gêneros, gostos. Até gibis. E o povo começou a ler, levar para casa, trocar. Falar de poesia, comentar sobre histórias. Nem a confusão do ônibus lotado tirou a vontade de ler dos passageiros. A linha de Antônio tornou-se a mais disputada do pedaço. Há sete meses, porém, o cobrador foi transferido para a linha 82, que parte do Núcleo Bandeirante com destino ao Setor de Abastecimento e Armazenagem Norte (Saan). Ali, recontou sua história. E mais livros chegaram. A casa modesta onde mora de aluguel com a mulher, filho e uma enteada não coube mais tanta coisa. Ele teve que alugar um barraco para guardar o acervo que não parava de chegar. Todo mês, desembolsa R$ 120, do salário de R$ 569, para pagar o aluguel do lugar onde está seu tesouro. Hoje são mais de 4 mil livros.

Feito de sonho
Na nova linha, o cobrador Antônio da Conceição Ferreira, maranhense de 36 anos e há 13 morando no DF, teve mais uma boa idéia. Deixaria as obras mais visíveis, para que o passageiro pudesse vê-las melhor. Não perdeu tempo. Foi a uma banca de jornal da Rodoviária do Plano Piloto e pediu a uma funcionária que lhe desse um porta-jornais de plástico. Contou o que pretendia fazer. Saiu dali com cara de menino que ganha presente de Natal.

No dia seguinte, levou o porta-jornais para sua biblioteca ambulante. E o pendurou depois da roleta, logo atrás do validador de cartões eletrônicos. E o anúncio, numa folha A4, impressa em computador, o nome do seu projeto. O povo que ainda não conhecia a intenção do cobrador se indagava: "O que seria aquilo?" Outros se aproximavam. E ele explicava tudo mais uma vez. Aos poucos, as pessoas foram entendendo. E descobriram que não precisariam pagar nada para ler livros, trocados todo dia. A disputa foi grande. As viagens nunca foram tão concorridas. A linha 82 virou atração. Há quem a espere com ansiedade.

Quem pega o livro assina uma ficha, que vira o cadastro. Lá, consta o nome do leitor e o telefone. Nada mais. Prazo de devolução? "Varia de acordo com a capacidade de leitura de cada um", ele explica. Em um ano, não mais que 10 livros deixaram de ser devolvidos. "Jamais vou deixar de levar meu projeto pra frente porque um ou outro não devolveu. Os honestos não podem pagar pelos não honestos", reflete o cobrador — filho de um lavrador e uma catadora de coco babuçu. Antônio deixou os confins do Maranhão atrás de um sonho: estudar e "ser alguém na vida".

Aqui, entretanto, por causa das dificuldades financeiras, ele ainda não conseguiu terminar o ensino médio. Precisou trabalhar para sobreviver. Foi auxiliar de serviços gerais, balconista, vendedor e, há 8 anos, virou cobrador. Levou o desejo de estudar para dentro do ônibus. Realiza-se quando observa um passageiro extasiado com seus livros. "Quem lê tem uma visão mais crítica das coisas, do mundo e da vida. Aí, se liberta", ele filosofa. E, assim, durante seis horas e meia por dia, seis dias por semana, faz o que mais gosta: leva conhecimento a quem, na maioria das vezes, não teria condições de comprar um livro.

Início da tarde de sexta-feira, 12h40. O Correio acompanhou uma viagem da linha 82. Nela, o cobrador Antônio e o motorista Aurélio Marcos Araújo, 35. Saída: Terminal Rodoviário do Núcleo Bandeirante. Destino: Saan. Tempo total da viagem completa: 1h30. E vamos nós. Logo na Metropolitana, bairro próximo ao terminal, sobem mãe e filha. Ambas passam na roleta. Sentam-se atrás do porta-livros. Larissa, de 7 anos , vê uma revistinha da Mônica. Não se contém. Vai até a biblioteca e pega o gibi. Encanta-se com a historinha. A mãe, Renata Oliveira, 25, elogia a idéia do cobrador: "Ajuda a viagem passar logo".

E o ônibus segue. Chega à Candangolândia. Francisca Santos, 28, entra. Auxiliar de serviços gerais numa empresa do Saan, a moça estava ansiosa para pegar aquela linha. E havia motivo especial. Na quarta-feira, pediu ao cobrador que lhe arrumasse um bom romance. Antônio foi ao seu acervo e trouxe Momentos de encanto, de Helen Bianchin. Francisca passará todo o fim de semana lendo. "Ele (Antônio) faz uma coisa que eu nunca tinha visto igual", avalia. E confessa: "Quando eu pegava o ônibus, só queria dormir. Agora, só penso em ler, ler muito".

Dedicação à cultura
Aniversariante da sexta-feira, a auxiliar de teleatendimento Adriana Leandro, 30, também embarcou na linha 82. E, grata ao cobrador que lhe devolveu o prazer da leitura (em pouco mais de três meses leu oito livros), emocionou-se: "Sou fã desse homem. Ele faz esse trabalho e não ganha nada por isso. Faz pela dedicação à cultura". Naquele dia, Adriana levou Quando é preciso voltar, de Zíbia Gaspareto. "Há um ano procurava por esse livro. Ele conseguiu pra mim. É meu presente de aniversário", comemora a leitora.

O estudante Fernando Augusto Salvador, 17, é grato a Antônio. Morador de Santa Maria, ele desce na Candangolândia para seguir na linha 82, que o leva ao Saan, onde faz estágio. Numa dessas viagens, descobriu os livros do cobrador. Pirou ao encontrar O pagador de promessas, de Dias Gomes. "Adoro ler. Este ano, já li mais de 100 livros. O que esse cara faz não tem preço, ainda mais num país onde quase ninguém lê", elogia Fernando.

E a viagem continua. O tempo urge. Uns entram, outros descem. A vida sacoleja. Mas a biblioteca sobre rodas está ali, à espera de um leitor. De alguém que possa sonhar por meio de letras. Assistindo a tanta catarse, a tantos renascimentos, Antônio admite, com os olhos marejados: "Esse é o meu sonho. Ver todo mundo lendo, pensando melhor. Queria poder colocar livros em todos os ônibus do DF". E planeja, convicto: "Ano que vem, vou voltar aos meus estudos. Em 2010, se Deus quiser, pretendo entrar na faculdade de biblioteconomia, da UnB". Tem gente que passa pela vida. Há outros que edificam, transformam, realizam sonhos e são capazes de renascer. O cobrador que encheu um ônibus de livros e tem ajudado a mudar a vida das pessoas faz parte da segunda categoria.

Por uma causa
Quem puder doar livros e ajudar Antônio no projeto cultural pode ligar para 9195-5023.

Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/html/sessao_13/2008/11/16/noticia_interna,id_sessao=13&id_noticia=48992/noticia_interna.shtml
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Notícia emocionante. Às vezes a gente coloca tanto empecilho na frente de alguns projetos e ações, enquanto pessoas despretenciosas começam com pequenas coisas e fazem toda a diferença... Fica de exemplo e inspiração.

quinta-feira, novembro 13, 2008

Letting go

"The veil hiding the mysteries of life might seem a bit thin at the moment, and things that usually seem stable might feel as if they're rocking a little. Don't panic. You're getting a glimpse of other, deeper levels of reality, and the more open you are to those currents, the richer your life could become, even if it's only a little glimpse. Sometimes these small partings of the veil come through intense emotional experiences, and that can often mean tension and anxiety - after all, reality is supposed to be solid and rational, and life's great mysteries have all been explained away. But of course they haven't, and right now you are likely to realise this pretty powerfully, even if you already knew it before. The secret is to let go of whatever needs to be let go of, and allow yourself to be changed." lá do astro.com

Why does it always have to be a matter of letting go, huh? Well, I say "Let'em come" instead. Not that it helps - far from that, actually - but it sure makes me feel alive, rather than "numbly frustraded" slash alienated.

terça-feira, novembro 11, 2008

Tudo por uma noite na terra do nunca!

Qual não é minha tristeza em deixar o Peter Pan na TV da sala e voltar para minha terra do sempre...

sábado, novembro 01, 2008

"En la lucha de clases todas las armas son buenas... piedras, noches, poemas"

por Paulo Leminski