domingo, julho 24, 2011

Diário de Escola


“Neste mundo, é preciso ser um pouco bom demais, para sê-lo bastante” Marivaux

Sobre as crianças do mundo

“Existem cinco tipos de criança no nosso planeta hoje: a nossa criança cliente, a criança produtora sob outros céus, mais além a criança soldado, a criança prostituída, e, nos painéis encurvados do metrô, a criança que está morrendo e cuja imagem, periodicamente, debruça sobre a nossa lassidão o olhar da fome e do abandono.

São crianças as cinco.

Manipuladas, as cinco.”

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Sobre o aprender (e o ensinar)

“- Ande, você, que sabe tudo sem nada ter aprendido, qual é o meio de ensinar sem estar preparado para isso? Existe um método?
- É o que não falta, só da isso, métodos! Vocês passam o tempo a se refugiar nos métodos, enquanto, no fundo, sabem muito bem que o método não basta. Falta-lhe algo.
- O que é que lhe falta?
- Não posso dizer.
- Por quê?
- É um palavrão.
- Pior do que “empatia”?
- Sem comparação. Uma palavra que você não pode pronunciar numa escola, num liceu, numa faculdade, ou em nada que se assemelhe a isso.
- A saber?
- Não, verdade, não posso...
- Ande, vá!
- Não posso, estou lhe dizendo! Se você soltar essa palavra falando de instrução, vai ser linchado.
- ...
- ...
- ...
- O amor.”


Do fantástico livro "Diário de Escola", de Daniel Pennac. Literatura obrigatória para todos que ensinam, que aprendem, que lutam por uma educação melhor livre de preconceitos e amarras. Por uma escola inovadora, transformadora e, sempre, guiada pelo amor.

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