sábado, outubro 17, 2009

Sem sentido

Hoje achei uma carta de amor que escrevi há não muito tempo. Me arrependi de não ter mandado. Eu tinha sido tão sincera, tão aberta, tão corajosa, tão espontânea, tão esperançosa e, como poucas vezes, tão apaixonada!

A sensação que tenho agora é de que são palavras e sentimentos perdidos, desperdiçados. Foi tanto querer, tanto envolver, que me deixou vazia de expectativas e cheia de uma vontade - ainda não satisfeita - de simplesmente querer parar de querer.

Quero parar de gostar, de sentir, de pensar; de achar que poderia ter sido diferente, que poderia ter feito diferente.

Eis que leio a carta... a maldita carta, de palavras e sentimentos guardados. E juro - pra mim mesma, pra este caderno, pros quatro ventos, e pra quem mais quiser cair na ladainha - que não queria mais querer. Mas me lembro de como queria, de como já quis... de como acho difícil voltar a querer o que quer que seja.

E entristeço. Porque fico a me lembrar de como era bom querer e, ainda que com dúvidas e inseguranças, ser querida. Como era bom poder escrever uma carta de amor a alguém e saber que ela seria lida, sentida. Nunca soube como ela seria sentida, e por isso tive medo de mandar. Tinha medo de parecer que estava sentindo demais...

Mas que medo bobo de se sentir! Eu estava sim sentindo demais, amando demais... mas só porque não sei - e nem quero - amar de menos, viver de menos. A vida não tem graça se tivermos que optar pelo menos. Não tem a menor graça.

O problema é quando não podemos optar. Quando o menos é a única escolha. É aí que nos arrependemos de não ter sido tudo. É aí que me arrependo de não ter sido inteira. Por isso, fica o conselho de um centavo: não tenha medo de sentir demais, mas sim de não ter o que sentir. É assim que me sinto: sem sentido.

2 comentários:

maria ruela disse...

quando se pensa demais, se fala demais... e todas as palavras gritando tanto, e tantas cigarras cantarolando, e tem musica em casa, e tem tanto que estudar... passamos os dias surdos e fechados à unica coisa que realmente importa. cuidado querida.

Diana disse...

eu sou da opiniao de que toda carta de amor deveria ter duas vias. Uma pra ser mandada e outra pra ser guardada naquela caixa que todo mundo tem. Pode até ser que aquele sentimento tenha sido sentido demais, exagerado, mil rosas roubadas... Mas a sensacao que se tem quando se lê uma carta de amor antiga, escrita por mim mesma, sei lá, eu gosto. ^^ Porque na verdade eu escrevi pra mim, pra me testemunhar meus próprios sentimentos, como um diário.A outra pessoa é só desculpa. E enviar é preciso, porque já disse Lenine, "escreveu, remeta". Mas ter a chance de ler de novo, anos depois, eu gosto muito!!