Em entrevista à rádio CBN, o ministro da Educação, Fernando Haddad, falou sobre a realização do Enem, a mudança do vestibular brasileiro e o Censo Escolar 2009
De acordo com o ministro, esse ano 4,5 milhões de estudantes se inscreveram na prova do Enem. O número representa cerca de 75% dos concluintes do Ensino Médio, além de egressos que ainda buscam entrar no Ensino Superior.
Haddad explica que em seis anos, com os projetos de expansão das universidades federais e do "Programa Universidade para Todos" (ProUni), foram triplicadas as vagas gratuitas no Ensino Superior brasileiro. “Passamos de 100 mil, para 300 mil vagas gratuitas em todo o país.”
Sobre a adoção do “novo Enem” como sistema de seleção para ingresso nas universidades brasileiras, o ministro explica que já em 2010 50 instituições públicas vão adotá-lo como fase única, e outras 26, como primeira fase. "O vestibular é a famosa jabuticaba. Só o Brasil que mantinha há 100 anos esse modelo de seleção. E isso é uma anomalia", critica Haddad. Na seleção universal, o estudante poderá pleitear vagas em qualquer universidade integrante do sistema, através de uma única prova.
Censo Escolar 2009
O Censo realizado este ano revelou uma redução no número absoluto de matrículas no Ensino Básico. Para Haddad, contudo, isso não é negativo. "A proporção de crianças na escola aumenta em qualquer faixa etária considerada. Mas o número absoluto cai, em função do fato de que há menos brasileiros de 0 a 17 anos, além de uma melhora de fluxo. As crianças tão repetindo menos o ano, tão progredindo mais, e isso impacta positivamente. É o que os economistas chamam de bônus demográfico."
Além do número inferior de nascimentos, outro fato explica a redução do número de matriculas contabilizadas, principalmente no nordeste do país. É o fim da chamada “duplicidade de matrículas”, que ocorria quando uma criança era registrada em mais de uma escola. Agora, as instituições têm que repassar os nomes de todos os estudantes, para evitar a dupla contabilização.
Desafios na pré-escola
"O Ensino Fundamental estando com 98% de matrículas, agora o desafio é enorme de chegar às reservas indígenas, às comunidades quilombolas, comunidades ribeirinhas, aos assentamentos, esses 2% que faltam”, explica Haddad.
De acordo com o ministro, a prioridade agora é garantir a universalização da pré-escola. “Nós já estamos com 80% das crianças de quatro a seis anos matriculadas, mas temos que tentar atingir a universalização até 2014, porque está demonstrado que é o atendimento na pré-escola, que garante o sucesso da Educação Básica no seu conjunto.” Haddad explica que a conclusão do Ensino Médio está diretamente ligada à educação recebida a partir dos quatro anos de idade.
Flexibilização do Ensino Médio
Baseado em modelos europeus e norte-americanos, o ministro da Educação defende a flexibilização do Ensino Médio brasileiro. A proposta é que os jovens, principalmente os de baixa renda, possam ter acesso a um ensino profissionalizante.
"O Ensino Médio no Brasil é muito chapado. É quase que um só. E o peso do vestibular é evidente nesse caso, acaba tornando uma espécie de camisa de força que todo mundo tem que seguir. A flexibilização do vestibular por meio do Enem vai permitir que as escolas atendam melhor às expectativas dos jovens, que muitas vezes não é o vestibular.”
“Na maior parte do mundo desenvolvido, um contingente apreciável de jovens faz o Ensino Médio em busca de profissionalização, e não de universidade. E se isso é verdade na França e nos Estados Unidos, também tem que ser verdade no Brasil. Então, o Ensino Médio brasileiro vai se tornar cada vez mais profissionalizante, para atender ao jovem de baixa renda sobretudo, que nem sempre tem diante de si o horizonte do Ensino Superior, mas que tem o direito de se profissionalizar, de concluir a Educação Básica com um ofício, uma profissão adequada à sua inserção no mundo do trabalho.”
Entrevista à Rádio CBN, 29/09/2009
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