Hoje no ônibus de volta da aula de Comunicação Comunitária em Planaltina para a Asa Norte, fizeram uma brincadeira para dizermos em 30 segundos quem somos, e em mais 30 segundos, quem seremos no futuro.
Eu, como sempre, travei na hora. Primeiro porque resumir em 30 segundos toda uma vida é certamente um tratado de mediocridade. O que importa em quem eu sou? Não é de onde eu vim, onde morei, o que estudo, porque meu nome é Mel, quantos anos eu tenho ou o que eu costumo comer quando fico nervosa. É o que eu sinto, é o que existe. E isso, ah... nem eu entendo, quem dirá conseguiria explicar!
Parece até aquelas conversas com desconhecidos, em festas ou barzinhos. Os dois buscam - quase desesperadamente - achar algo de interessante no ser ao lado, e para isso fazem perguntas óbvias como "o que você faz?", cujas respostas normalmente são ainda mais óbvias "ah, estudo, trabalho...". Sinceramente, ninguém quer conversar com pessoas perfeitamentes inseridas dentro do protocolo social contemporâneo. Por que não experimentar algo mais "pós-moderno"... como "ah, eu danço, eu penso, eu amo, eu choro, eu existo. Existo aqui e em milhões de lugares, com bilhões de facetas e trilhões de emoções".
E sobre o meu futuro. Sabe-se lá o que será dele. Mas pensando no assunto, cheguei a algumas conclusões, que registro aqui para nostálgicas risadas posteriores:
Não faço a menor ideia de onde e com o que vou trabalhar, só sei que é para um mundo melhor através da Comunicação. E que é muito. E muito bom!
Quero ter uma família bacana, com um companheiro para compartilhar minha vida. Alguém que apesar de todos os pepinos e jilós, esteja do meu lado no final do dia, até de manhã! Nossos olhares serão cheios de admiração, desejo e ternura. Quando houver piscadas tristes, raivosas ou desconfiadas... beijinhos resolverão o problema. E se um dia o amor virar lembrança, seguiremos bons amigos.
Quero também uns quatro filhos. E todos vamos dividir as tarefas da casa, com tabelinha e tudo, coleta seletiva, hortinha e nenhum empregado. O natal da família vai ser na nossa casa, para juntar todos os agregados e suas desavenças. Vamos economizar durante o ano, para nas férias viajarmos juntos a lugares inusitados. E digo economizar, porque já desisti de ser rica - aliás, acho que seria contra meus princípios!
Aos domingos, vamos almoçar na casa de um dos meus pais ou um de meus sogros - sim, porque nessa minha geração de filhos pós-hippies, ter pais ainda casados é uma raridade. Aqueles almoços cheios de farofa e fofoca boa! Pelo menos um dia na semana, vou almoçar com aquelas amizades que existem desde sempre. Ou tomar uma cervejinha.
Sempre quando acordar, vou ter mil coisas na cabeça. Mas quando dormir, vou ter a certeza de ser feliz.
E acho que isso seria o bastante.
Um comentário:
Interessante esta reflexão...O padrão de felicidade seu, é um padrão que, particularmente, prezo muito. A vida em familia, com suas desavenças e complexidades, são fascinantes!Adoro me sentir parte desse turbilhão de emoções e conflitos gerados pelo convivio entre pessoas do mesmo sangue ou nao.
Achar pessoas que queiram montar um nucleo familiar como o seu, mel, é tarefa deveras árdua na geração pró-separação/uniao estavel/sem filhos.
Parabéns por sua vida nao caber em 30 segundos.
Leonardo Zelig
seferrandonabalada.blogspot.com
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